quinta-feira, 25 de abril de 2013

Fazer o que dar prazer ou pensar como adulto?


Ontem meu telefone tocou e era um conhecida da faculdade de Direito (concluída em 2007). Faz 6 anos que não vejo a querida em questão e ela me ligou para perguntar se...
1.Passei na OAB;
2.Se estava trabalhando;
3. Dizer que eu tinha que trabalhar em qualquer coisa;
4. E que ela estava com 2 filhos e que era uma super mãe e que faria a OAB pela enésima vez ;
5. Como estava meu casamento.

Eis que...
Justamente ontem eu não estava nada bem e a bendita colega encontrou meu telefone na telelistas e ligou...Taí o mal plantando semente. Eu não estava bem e ela veio a ligar justamente para me azucrinar as idéias...


A conversa parou assim na minha mente:
Estou na casa dos 33, em outubro para ser mais direta. Ando repensando profundamente meus conceitos de satisfação na vida. Deus me deu grandes oportunidades na vida e eu as agradeço. Quando eu tinha 22 ingressei em uma boa faculdade onde cursei Direito e concluí, apesar das dificuldades financeiras e emocionais. Sou muito grata por ser a primeira da família a ter concluído um curso superior. Mas ainda não sou realizada entende? Quando aos 22 eu simplesmente não pensei, fui até lá e escolhi Direito. Cursei, estagiei, trabalhei e de repente me decepcionei a tal ponto de ficar de saco cheio e querer jogar todo o "investimento" fora. Hoje na maturidade dos 32, sendo esposa e mãe, fico grata novamente por tudo e se eu pudesse ter as chances de escolha de antes, eu com certeza pensaria melhor e  faria algo que me desse mais satisfação em vez de algo que me desgastasse pensando tão somente no retorno financeiro, que não veio.

Muitas pessoas falam que no Direito há muitas chances de concurso e trabalho, porém, eu penso e a opinião é pessoal, que em todas as carreiras existem lá suas dificuldades e seus pontos altos e baixos. Eu não fui muito feliz já que tive pouquíssima orientação sobre a carreira...blá blá blá. Eu poderia enumerar vários motivos que me levaram a uma visão negativa do curso, mas, eu não estou aqui para sugestionar ninguém. Acontece que depois de formada eu me peguei em algumas situações desfavoráveis que me fizeram descrer  no curso. Foi aí que enfrentei a grande crise da minha vida.

Talvez tenha sido idealismo demais pois quando se é muito jovem tendemos a fantasiar tudo de modo bem colorido e daí que as decepções podem surgir. Quantos profissionais insatisfeitos com suas carreiras nós vemos por aí? Muitos, não é? Alguns cursam Engenharia por que era o grande sonho dos pais, ou a mocinha que cursou medicina pois o papai era médico, no entanto, queriam mesmo ser fotógrafos (as), pilotos, professores (as), cabeleireiros (as) etc. Ou até mesmo, aqueles que se decidiram por algo e lá na frente perceberam que não seriam felizes naquela área (meu caso!). 

O idealismo pode atrapalhar a realidade. As expectativas devem ser as mais próximas da realidade possível e isto nem o estágio dá totalmente. O que nos traz a certeza do caminho certo será sempre "nosso coração". Neste sentido, mesmo com dificuldades, lutas e tudo mais, não iremos esmorecer ou sabotarmos nossos ideais pois haverá uma força maior a nos conduzir, uma vontade real que nos dará a certeza de que escolhemos o certo, o vocacional e não o mais rentável ou conveniente.

E mais uma coisa, a maioria dos colegas de estágio depois de formados não seguiram a carreira...Portanto, situações assim são mais comuns do que possamos supor.

Mais de mim.

Depois que casei e tive minha filha toda perspectiva mudou e vários sonhos me foram cobrados. As pessoas esperam, colocam expectativas em nós e muitas vezes não é a verdadeira realidade que queremos. Eu sonhava (aos 22 anos) em ter um bom emprego, melhorar a vida da minha família e ter sucesso profissional, só que eu não entendia muito bem o processo de ser adulta, de passar por profissional, de ter esta identidade que vai além de uma escolha profissional. Hoje, me vejo apegada "ainda" ao passado, tentando concursar na área para valer 5 anos de estudo, entretanto, se me perguntarem se estou feliz, direi certamente que não. O que existe na verdade é uma pequena revolta e insatisfação. Uma vontade de vencer e provar que valeu a pena.

Outra coisa, se eu tivesse esta visão lá atrás com certeza pensaria assim: Independente de qualquer coisa eu me vejo fazendo isto? Serei feliz com os pontos negativos que "esta ou aquela" profissão pode me trazer? Gente é muito desanimador trabalhar em algo que não lhe traz prazer algum. A pessoa se sente deprimida, enfadada, desestimulada e com o passar do tempo tudo rui.

Assim é que se alguém estiver lendo este texto agora deixo como aconselhamento que sigam o coração no sentido de escolher o que lhe apraz ou ainda, pensar muito analisadamente sobre os planejamentos que pretende no futuro, mas, sem pesar muito, eu diria que, melhor agir com leveza nas escolhas pensando unicamente em si mesmo pois lá no futuro as suas escolhas pesarão tão somente em seus próprios ombros e de mais ninguém.

E ainda, ser feliz vai além do que qualquer título ou diploma. Vai além do que qualquer rótulo que possam colocar em você. Vai além do que qualquer expectativa que pai, mãe, tio, tia, amigos possam depositar em você. O compromisso é você com você e mais ninguém.

O que eu tenho vontade.

 Estou concursando para alguns cargos como "tentativa" de entender este momento que estou vivendo. Então só sei que se eu perceber que não é por aí o caminho eu vou seguir em frente, de repente em alguma área que comporte meus conhecimentos, custando muitas escolhas de antes, mas caminhando em direção ao futuro.

Ás vezes a vida nos ensina muito mais do que possamos perceber; nos limitarmos a algo é uma forma de nos aprisionarmos a situações que só trarão infelicidade. Não ter medo de experimentar e arriscar pode ser o segredo para mudanças felizes.

Até logo.
Aline Alves


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